“Se eu não te lavar, não tens parte comigo”- João 13: 1-20

Um dos grandes erros da excessiva religiosidade é a ‘tentação’ de achar-se perfeita.
A santidade sem entendimento sempre foi sinônima de fanatismo.

Parece impossível para alguns reconhecer que receber Jesus como Salvador não significa ter superpoderes (escreve-se assim mesmo, segundo a Reforma Ortográfica...) ou assemelhar-se a algum super-herói, sempre infalível.

Mas, em que pese o Reino estar EM nós, mesmo assim ainda temos nossa rotina diária.
E se fosse para ser diferente, assim que aceitássemos Jesus seríamos imediatamente arrebatados, o que, obviamente não ocorre.

Assim, está claro que, apesar de tudo o que já aconteceu em nossa vida a partir da salvação de nossas almas, ainda continuamos pecando.

Diz a bíblia:
“Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não habita em nós” 1 João 1:9-10

E nesse mesmo sentido, uma linda passagem da bíblia nos mostra uma história e seus significados.

Isso aconteceu durante uma ceia, a última antes de sua morte.
Todos já haviam comido.
Jesus se levanta, tira a parte de sua vestimenta, enche uma bacia de água e começa a lavar os pés dos discípulos.

Pedro ficou surpreso com tal fato. Afinal, como pode o Senhor lavar os pés dos discípulos? Seria uma inversão da ordem natural das coisas, pois o ‘certo’ seria que os discípulos lavassem os pés de Jesus.

Pedro chega a dizer para Jesus:

“Senhor, tu vais lavar os meus pés?”

E Jesus afirma a Pedro:

“Se eu não te lavar, não tens parte comigo”

Se fosse para parafrasear Pedro, após ouvir isso ele diz: “Ah, então eu preciso que o Senhor me lave por inteiro. Não é só os pés que precisam. As minhas mãos e a minha cabeça também precisam ser lavadas...”

Mas Jesus afirma que eles já tinham se banhado, mas que precisavam apenas lavar os pés.

Era comum nas regiões desérticas que aqueles que já haviam tomado banho lavassem seus pés com mais constância, até mesmo em virtude das longas caminhadas e em virtude da fragilidade da proteção de seus calçados, geralmente sandálias.

Por causa disso Jesus diz a Pedro que ele já estava limpo.
Precisava apenas de um complemento, de um ajuste.
O banho já estava tomado. Somente os pés estavam sujos.

Isso pra nós serve de lição.
Quando ouvimos a Palavra da Vida e nos convertemos é como se tomássemos um banho. JÁ ESTAMOS LIMPOS, pois estamos salvos da ira.

Mas não basta o banho tomado.
Em nossa caminhada, de forma intencional ou não, os nossos pés se sujam e isso ocorre quando pecamos.

E Jesus nos afirma que TÃO IMPORTANTE QUANTO TOMAR O BANHO, É LAVAR OS NOSSOS PÉS.

Aquele que deixa Jesus lavar seus pés é aquele que reconhece que peca porque é pecador. De uma árvore de maçãs só sai maçã; de um pecador só saem pecados, mesmo tendo recebido Jesus em nossas vidas.

Isso significa que para ter parte com Jesus é necessário que deixemos que ele lave nossos pés.

Além disso, precisamos entender que apesar de nossos pecados, o Senhor Jesus continua nos amando.

É por isso que diz o início do capítulo 13 de João:

“...como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim.”

É com esse amor, que nos ama até o fim que Ele sempre nos amará.

É necessário, porém, reconhecermos que em muitos momentos de um simples dia os nossos pés vivem se sujando.

Assumir isso é bênção, pois é ato de humildade e por este ato de humildade TEMOS PARTE COM ELE, ou seja, nos aproximamos Dele, deixando que Ele mesmo nos purifique.

Orar e pedir perdão para o Senhor nos aproxima Dele.

Aceitar Jesus, ou seja, ‘tomar o banho’ e não deixar que Ele lave nossos pés significa não ter parte com Ele.

Espero em Deus que você a cada dia reconheça suas limitações e aprenda que o Evangelho, as boas novas ou boas notícias, de Jesus não são para os fortes, mas para os arrependidos, na consciência de que quando somos e estamos fracos é e sempre será Ele que nos trará a alegria da contemplação do absurdo, do surto divino, de um Deus Poderoso que é capaz de amar pessoas tão frágeis e limitadas como nós.

E, por fim, devemos fazer isso com nossos irmãos, perdoando os ‘erros de percurso’ que acabam acontecendo.

Se para Jesus o ato de lavar os pés significava um ajuste, um acerto em alguns detalhes, Ele mesmo nos ensina que devemos fazer isso com nossos irmãos, que em muitas vezes cometem pequenos deslizes conosco.

E é assim que nosso Mestre Amado diz:
“Eu vos dei o exemplo, para que façais o que eu fiz” (João 13:15)

Que nestas duas verdades práticas possamos meditar no curso desta semana, deixando de lado a falsa idéia de que temos que ser super-heróis, mas na certeza de que Ele é o “mais valente” entre todos e nós alvo deste tão grande e insuperável amor.

Grande abraço a todos,


Em Cristo,
Que nos ama até o fim!

Donery dos Santos Amante